quarta-feira, 7 de abril de 2010

CENTRO DE ARTESANATO E DINAMIZAÇÃO SOCIAL DO VALE DO CEIRA "CORTERREDOR"

Centro de Artesanato e Dinamização Social do Vale do Ceira é inaugurado amanhã na aldeia de Corterredor. Em causa está um projecto promovido pela ADIBER (Associação de Desenvolvimento da Beira Serra) que pretende afirmar-se como um baluarte no combate à desertificação e no apoio social a uma população marcadamente idosa. E não é por acaso que o projecto, cuja construção começou em 2006, é agora inaugurado, num ano eleito, em termos europeus, como de Combate à Pobreza e à Exclusão Social. «A pobreza não é unicamente motivada pela falta de dinheiro, não é exclusivamente de carácter económico», afirma a ADIBER, sublinhando que o isolamento e a solidão são factores que contribuem para essa pobreza e exclusão social que se quer combater.
O centro representa, de acordo com José Cabeças, presidente da direcção da ADIBER, um investimento de 70 mil euros, apoiado pelo programa AGRIS, e apresenta duas valências, uma dedicada ao artesanato e a outra que se pretende afirmar como centro cívico e social da aldeia.
Trata-se de um Centro de Dia, com capacidade para receber 16 idosos que, todavia, pretende ser muito mais do que um centro de dia. Este fazia falta, reconhece José Cabeças, e tanto assim é que «vai começar a funcionar na segunda-feira e a lotação já está esgotada». Mas, mais do que um espaço onde os idosos tomam as refeições, pretende-se que seja um espaço de «encontro e convívio», onde os habitantes do Corterredor possam conversar e conviver, criando uma proximidade que as paredes das suas casasnão permitem. Por isso mesmo a ADIBER, ao invés de Centro de Dia prefere chamar-lhe Centro de Dinamização Social, uma vez que tem uma perspectiva mais envolvente em relação à comunidade que se prepara para servir.
Se à ADIBER coube a tarefa de erguer o espaço e garantir o seu equipamento - que implicou um investimento na casa dos 30 mil euros e o apoio do programa Progride - já não faz parte da sua vocação garantir-lhe a gestão. Por isso, refere José Cabeças, no dia da inauguração será «firmado um protocolo com a Misericórdia de Góis, entidade que vai assumir a gestão do Centro de Dinamização Social». As razões são várias, uma vez que, esclarece, esta instituição já tem um “know how” acrescido em matéria de apoio a idosos, sendo responsável por vários espaços, nomeadamente na vizinha localidade da Cabreira, garantindo actualmente apoio domiciliário aos idosos do Corterredor.



Promover artesanato

A segunda valência do edifício é inteiramente dedicada ao artesanato. «Não se pretende criar um ponto de venda», refere a ADIBER, sublinhando que o objectivo deste espaço é «a promoção e valorização» desse mesmo património, onde «se pretende realizar actividades relacionadas com o artesanato», nomeadamente «ter artesãos a trabalhar ao vivo».
E o mote dessa experiência é dado já no momento da inauguração, uma vez que vai ficar marcada com uma exposição de trabalhos de uma artesã da Cabreira, que também vai estar presente. A D. Amélia da Cabreira, como é conhecida, tem um génio criador singular, que a leva a transformar o velho em novo e a reutilizar objectos cujo destino certo era o lixo, transformando-os em originais artefactos decorativos. Desde telhas a garrafas, passando por cabaças, ou cortiços, a artesã molda-os com engenho e dali resultam verdadeiras obras de arte.
Tradicional naquela zona do Vale do Ceira são as colheres de pau, feitas até há bem pouco tempo por um artesão do Cadafaz, que já deixou de produzir e, claro, os trabalhos em xisto. Curioso é o facto de haver, também na freguesia, o que se poderá chamar um artesão de grande escala, uma vez que trabalha exclusivamente na recuperação das tradicionais casas de xisto (não as miniaturas, mas as de habitação). É este património que, sublinha a ADIBER, «se pretende valorizar, divulgar e promover».

Edifício recuperado mantendo traça original

José Cabeças justifica de forma poética a escolha do Corterredor para instalar este Centro de Artesanato e Dinamização do Vale do Ceira. «Não se pode deixar morrer a aldeia», afirma, sublinhando que «o Corterredor é o nossos Piódão, uma vez que é, no concelho de Góis, a aldeia mais parecida e que mais faz lembrar o Piódão». E efectivamente, os traços da construção em xisto estão ali presentes e o edifício onde vai funcionar o Centro de Dinamização Social e de Artesanato é um exemplar genuíno. Com efeito, trata-se de um edifício antigo, que foi submetido a profundas obras de recuperação e mantém a traça original, característica das casas de xisto. O interior foi todo demolido e construído de novo, mas de pé ficaram as paredes exteriores, que mantêm, agora com um “ar” renovado, o seu aspecto original.
Texto Publicado em:
in Diario de Coimbra, 27/03/10 e/ http://goislivre.blogspot.com/

3 comentários:

  1. nada vai servir a casa de convivo porque já esta lá uma,poucas pessoas lá moram é dinheiro desperdiçado.
    é uma aldeia prestes a não ter habitantes.

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  2. vanho enformar que o Sr Antonio do coladinho vende mel altedo poe açucar para render mais, numa terra de mel bom, esta a dar má imgem a terra e ao produto que pouco se vê em zonas de Portugal

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  3. Caro anónimo!
    É com prazer que leio os comentários feitos às notícias deixadas aqui, mas muito mais gostaria se os leitores se identificassem. Eu sempre dei a cara pelo que escrevo e faço, uma lição que aprendi com os meus queridos pais, que diziam, filhos, nós temos sempre de assumir o que dizemos e fazemos, pois só assim, seremos nós próprios….

    Mas quero informar que este blog. é particular nada tem a ver com politica ou com qualquer coisa relacionada com a mesma. Aqui tramito o que de mais velo existe nas nossas aldeia e Corterredor é um paraíso perdido na serra, cabe-nos a nós divulgar esse paraíso e fazer dele muito melhor, se possível.
    Há poucos habitantes neste momento no Corterredor? Tem razão, mas merecem tudo do melhor. Esta casa hoje pode não ter muita gente, mas o futuro a Deus pertence e quem sabe se esse futuro não leva mais pessoas às suas terras de origem? No entanto qualquer melhoramento é uma mais valia para as nossas aldeias, tantas vezes esquecidas.
    Quanto ao mel é um assunto privado, Há alguns anos já cheguei a comprar mel a este Sr. e era muito bom.
    Sei apreciar um bom mel porque ajudava os meus pais nesta tarefa e ainda no ano passado tive o privilégio de ver o meu irmão a colher e preparar o mel das colmeias que ele tem.
    Se o mel do que descreve está adulterado então fica na consciência do mesmo. Quanto ao Sr. ou Srª. Obrigado (a) pelos comentários.

    Comprimentos,

    Eugénia Santa Cruz

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